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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Writober #31 - In Memoriam

Desconhecido

"Ainda não ouves as vozes?" Apontou um mercenário para as árvores. O companheiro negou e apontou para a cabeça.
"Implantes. Bloqueiam tudo, até árvores" e troçou. O primeiro retomou a patrulha, a arma apontada para os troncos, para as caras nos troncos. E as caras tinham bocas.
Há dias que ali estavam e poucos ouviam as vozes. Estavam quase a enlouquecer quando subtraíram aqueles com implantes e que não ouviam. O mercenário deu a volta e voltou a andar para o meio da clareira, onde a mulher estava ajoelhada e uma figura espectral caminhava à sua volta. Engravatado e penteado, a IA da OxyGen conversava com Gilass e gesticulava dramaticamente
"Que achas que estão a dizer?" perguntou o guarda com o implante.
"O mesmo de sempre: ele quer comê-la, mas não tem o material." Riram-se e separaram-se para retomar a guarda.

Os focos das armas pareciam pirilampos aos olhos de Gilass. Tento alcançar um, mas a mão fechou-se em nada. Tinha fome, sede, vontade de ir à casa de banho, cansada. Os pés deixaram de sentir e o chão aproximou-se rápido. Caiu de cara e ficou deitada alguns minutos. Nenhum guarda tinha ordem de ajudar. Ergueu-se a esforço e ficou de joelhos a salivar terra para não vomitar do choque.
Olhou para as árvores, para as suas caras e concentrou-se no que diziam as vozes. A cabeça estava cheia de conversas cruzadas, segredos, confissões e agressões. As vozes soavam ao restolhar das folhas ao vento, ao estalar dos ramos, ao vergar do tronco e tudo isto na sua voz.

Todos desapareceram por tua causa, sabes disso? O Persimon e a Centaur. Estavam todos bem até chegares. O mundo estava bem até chegares. A tua mãe e o teu pai eram felizes até nasceres e tu mataste a tua mãe quando nasceste!

Gilass gritava para afastar as vozes, mas elas carregavam com mais força.
"Tu sabes que não as ouço, Gilass. O que estão a dizer?" Um deles não era muito paciente. A IA passava por ela, voltava e chamava-a. "Lembra-te!" gritava uma e outra vez! Ela estava a lembrar-se, mas não o que ele queria. O momento em que os dois trocaram carícias extrapoladas. Ela apenas a fazer o seu trabalho e ele a manipular o sistema para fingir um sentimento. Ele queria mais, ele queria sentir a sério! E de uma certa maneira, ele estava a sentir o desespero da humana ajoelhada no chão. Todos os dias vinham para a clareira para nada!
"Concentra-te" pedia entre carícias falsas e ordens. "Por nós, Gilass". E as vozes continuavam a desobedecer.
"Trouxe-te ao planeta das memórias, não me faças essa desfeita..."

O teu pai desprezava-te. Lembras-te daquele dia, sabes do que estou a falar? Ele pôs um lugar na mesa, serviu o jantar e foi-se embora com uma boa noite. Comeste, levantas-te a mesa e arrumaste a cozinha. Ficaste à espera dele na sala e ele nunca apareceu. Dói, não dói? Imagina a dor do teu pai quando mataste o amor da vida dele.

A IA ajoelhou-se e segredou-lhe ao ouvido. Pareceu querido, pareceu enternecedor, mas só lhe disse que era uma falhada. Que nem conseguia invocar uma memória. Ele também sentia o desespero por osmose, e a raiva e toda a angústia. Ele nem sabia, nem se apercebia que estava a sentir, apenas o que não queria. Esticou o braço e deixou cair a palma da mão na face da Gilass, mas a mão passou de um lado ao outro. A humana encarou-o a bufar.

Lembras-te quando gozaram contigo pela tua roupa? Nem a tua amiga Zoe te safou. Foi ela a começar. Cabra. Só porque o Marcoo gostava de ti. Sim, ele gostou de ti, mas o suficiente para te levar para a cama. Só dói a primeira vez, não é? Mentiu-te. Doeu-te a segunda, a terceira, mas depois deixou. Ficaste dormente nos próximos. Nas próximas. Ninguém te queria. Tu sabes, não sabes? Tu percebeste. Tentaste fazer uma coisa, mas nem isso conseguiste. É de cima para baixo, não dos lados... Triste.

Estava a chorar, a soluçar baba e ranho. Todo o passado em avalanche. Só tinha de pensar em prazer. Nas coisas boas. Por que só escorria aquilo?! Como se a caixa de Pandora estivesse aberta e todos os seus demónios a dilacerassem.
A IA não era misericordiosa, não sabia o que era. Apenas andava sem perder a composição e suspirava exasperada, sentido coisas novas, mas erradas. E vira-se para a humana para a chutar, mas só acerta no ar.
"Miserável! Aquela noite no escritório. Teclaste. Eu dei-te um choque. Tu deste outro. Pensa!"
"D-d-dor" soluçou a outra entre golfadas de ar.
O céu acendeu-se por segundos e foi como uma mensagem divina. Viu onde estava, o emanante e quantos guardas estavam ali. Ouviu disparos ao longe e botas apressadas a correr por ela. A IA correu para o limite da projecção e apontou para a orla das árvores. Gilass rastejou para fora.

Houve um momento bom na tua vida. Saíste da casa onde estavas e deixaste as pessoas em paz. Ficaram tão aliviadas. Arranjaste a tua casa e um emprego, mas não! Estragaste tudo ao cagar na mão que te alimentava. Ingrata.

E ela rastejava, um braço depois do outro. Abocanhava mais ar e lançava uma mão ao chão, prendendo-se pelas unhas. A IA lançou-se à fugitiva, mas não pôde fazer nada. Gritou por um guarda que a puxou pelo cabelo e levantou-a.
"Onde ias? Não acabámos. Tu, bate-lhe" ordenou ao guarda que obedeceu prontamente. Gilass dobrou-se e caiu no chão. E as vozes cobriram-na...

Fraca. Débil. Inútil. Chama os teus amigos. Não podes. Estão mortos.

O detalhe mais engraçado é que as vozes não se riam, não tinham escárnio. Apenas diziam como se lessem uma folha de papel. Como se tivessem todo o discurso ensaiado em colectivo. E era tudo na voz de Gilass.

Gilass? Tens vergonha do nome da tua mãe? Foi a única coisa que te deixou e atiras para o lixo! Nem o teu pai te chamava pelo nome. Sabes onde ele está? Feliz.

Mais disparos e o guarda tombou ao lado. Cara a cara e viu-lhe o esgar de surpresa de quando a bala lhe perfurou o olho. O olho. A IA gritou e duas balas trespassaram-lhe o corpo sem efeito. Botas a correr e disparos. Gilass apalpou-se. Estava viva. Apalpou o chão que humedecia do sangue e achou o homem, desceu e encontrou o coldre de onde puxou uma pistola. Apoiou-se no cadáver e cambaleou em frente, arma no ar e a disparar ao calhas contra as árvores. Louca e cega de raiva a calar as vozes que continuavam e continuavam e continuava a humilhá-la, a embaraça-la.

Estavas a pedi-las quando te bateram. E quando te veio o período nas aulas e todos os rapazes se riram? Apenas uma rapariga te ajudou e onde está? Longe.

Disparou e pedaços de madeira e seiva saltaram. A última bala entrou na câmara.

Pensa bem, não cometas o mesmo erro.

Enfiou o cano na boca e encostou o dedo ao gatilho.
"Gilass, não!" Quando todos os demónios saem da caixa, a última a sair é a esperança. Bonna correu na direcção da mulher. "Deixa a arma, querida. Já acabou. Vamos embora."
A outra sacudia a cabeça, cabelo suado e olhos inchados de chorar. Cara vermelha, assustada e desesperada.
"N-não consigo, Bo-bonna. A m-minha vida foi foi uma merda." Tremia, a arma junto à bochecha. "As-as árvores di-disseram, não as ouves? As me-mórias."
"Gilass, querida, as árvores não falam. Garanto-te. É tudo ele." Apontou para a IA especada junto ao emanante.
"E eu, eu m-matei toda a gente. Os teus ami-gos. A ti..."
"Não, foi ele. Foi só ele. E eu estou aqui, vês?" Abraçou-se a si mesma. "Anda para casa."
"Eu não tenho casa!" Colocou o cano na boca, inclinou ligeiramente para a direita e no último olhar despediu-se. O dedo desceu e a explosão morreu na clareira. A cabeça chicoteou para trás e tombou para a frente. Gilass voltou a cair de joelhos e deslizou como se tivesse adormecido a meio de algo importante. E se estivesse a dormir, dormia em silêncio. Bonna atirou a arma para o lado e correu para a companheira, apertou-a nos braços e uivou de dor. Embalou-a tantas vezes que perdeu a contagem e falou-lhe, contou-lhe o que tinha acontecido. Tudo estava bem. Estava tudo bem. A IA Ding e Bat tomou conta do resto. Sinalizou a clareia e vários piratas escorreram pelas árvores. Destruíram o emanante da OxyGen e revistaram os corpos tombados. Quando procuraram pela Bonna, já tinha sumido.

*

O céu caiu sobre Mnemosine. E das paredes de chamas que consumiam o mundo, duas figuras surgiram: uma erguida, a embalar a outra nos braços. E no jogo de sombras e luz, avançaram escondidas dos outros que fugiam do fogo.
Os gritos de dor dos ficavam para trás abafavam a marcha silenciosa das figuras. Atravessaram para a destruição, deixaram tudo para trás e desapareceram de vista. Para alguns foram uma miragem. Na urgência foram uma ilusão, apenas o fogo era real e esse levou tudo.
A mulher carregava a outra nos braços. Entraram na escuridão, deixaram os corpos sem vida dos companheiros para trás e chegaram à naveta. Em breve estariam fora dali.
Deitou  o corpo da companheira nos bancos de trás, cobriu-a com duas mantas térmicas e prendeu-as bem. Ajustou os cintos para segurar o corpo e sentou-se aos comandos. A IA retornou aos terminais da naveta e estabeleceu uma nova rota. Esta acordou, com o murmúrio baixo do motor a preencher o vazio. Afastaram-se do chão e subiram em direcção à atmosfera.

*

Dois cruzadores da OxyGen rebocavam a Nineteen Eighty Four. A Armada Real de Xilos também lá estava e o cenário era outro. Alguém estava a querer ligar. A voz do Rei Johanes cumprimentou-a solenemente e, como Capitã, actualizou-a da situação: a OxyGen enviou dois cruzadores para recuperar a IA descontrolada; todos seriam compensados e os mercenários capturadas seriam levados à justiça. Ela perguntou por Suzako. O Rei confirmou o óbito e o último acto de valentia ao eliminar o Capitão da Heracles. Ela estava orgulhosa do amigo, mas a voz não denunciou a emoção.
O Rei perguntou aonde ia, ela não sabia ainda. A biblioteca de Xilos precisava da sua IA, comentou. Esperava-a em breve para a devolver e que teria sempre um abrigo em Xilos, na sua residência. O Rei despediu-se e Bonna fechou o canal.
A naveta de Bonna Fide saltou para local incerto e nunca mais foi vista.

If they say
Who cares if one more light goes out?
In a sky of a million stars
It flickers, flickers
Who cares when someone's time runs out?
If a moment is all we are
We're quicker, quicker
Who cares if one more light goes out?
Well I do




"Hey, man, you still hear the voices?"  One mercenary pointed towards the treeline. His buddy denied and touched his head.
"Implants. They block everything, even trees" mocked. The first one resumed his patrol, gun aimed towards the trunks, the faces on the trunks. And the faces had mouths.
They were there for days and only a few listened to the voices. They were going mad until they concluded that the ones without implants didn't hear the voices. The merc turned around and returned to the middle of the clearing where the woman was kneeling and a spectral figure walked over her. He dressed with a suit and tie, the OxyGen AI was fancy, talked a lot and wave dramatically.
"What are they talking about?" asked the merc with the implant.
"Same as always: he wants to bone her, but lacks the stuff." They laughed and separated to resume guard duty.

The lights on the rifles shone like fireflies in Gilass' eyes. She reached for one and her hand closed on nothing. She was hungry, thirsty, needed to pee, and was tired. She stopped feeling the ground beneath her and saw it coming fast. She fell flat on the ground and laid there for some minutes. No guard had permission to help. She struggled to get up and remained on her knees, spitting dirt and avoiding throwing up from the hit.
Looked at the trees, to the faces and concentrated on the voices. Her mind was full of crossed conversations, secrets, confessions and threats. These voices sounded like leaves in the wind, when branches cracked and the trunks contorted - all this in her voice.

Everyone is gone because of you, you know that? Persimon and the Centaur. All were fine until you came. The world was fine! Your mother and father were so happy until you were born and you murdered your mother when she squeezed you!

Gilass yelled to repel them again. But they charged stronger.
"You know I can't hear them, Gilass. What are they saying?" One of those was not very patient. The AI walked through her, turned around and called her. "Remember!" yelled at her one and two times. She was, but not what he wanted: the moment they shared extrapolated affection. She was just doing his job and he was manipulating the system to fake a feeling. He wanted more, he wanted the real deal! In a way he was feeling some despair from the human knelt on the ground. And everyday they came there for nothing!
"Focus" he asked with fake caresses and orders. "For us, Gilass." But the voices disobeyed.
"I've brought you to the planet of memories, don't let me down..."

Your father despised you. Remember that day? You know the one. He set the table for one, served dinner and left with a good night. You are, cleared the table and cleaned the kitchen. You waited on the living room for him and nothing. Hurts, doesn't it? Imagine his pain when you killed the love of his life.

The AI knelt beside her and whispered to her hear. Almost sweet, endearing, but told her she was a loser. She couldn't even summon a memory. He felt more despaired by osmosis. The anger. The anguish. He didn't know, he wasn't aware that he was feeling, but he didn't want those. Raised his arm and threw his palm at her face, fading from one side to the other. The human faced him panting.

Remember that time when they mocked your clothes? Not even your friend Zoe helped. She was the one who started it. Bitch. Only because Marcoo liked you. Yes, he did like you. Liked you enough to get in your pants. Only hurts once. Lies! It hurt the second time, and the third. But it ceased to hurt. You were numb with the next boys and girls. Then no one wanted you. You know it, don't you? Tu saw it. You tried something but failed. From top to bottom, not sideways. Sad bastard.

She was crying, sobbing drool and snot. Her past coming like an avalanche. She only had to think about pleasure. Good stuff. Why that? As if the Pandora's box had been opened and every demon was tearing her apart.
The AI didn't show mercy. It didn't know the notion. It walked without losing its posture and sighed feeling more feels, but wrong feels. He turned to the woman to kick her, hitting air.
"Scum! That night at the office. You typed. I shocked you. You shocked back. Think!"
"P-pain" she muttered between breathes.
The sky was so bright for a couple of seconds and it was like a divine sign. She saw where she was, the emanator and how many guards were there. Heard distant gunshots and hurried boots rushing towards them. The AI ran to the edge of the projection and pointed to the trees. Gilass crawled away.

There was a good moment in your life. You've moved out and left those people alone. They were so relieved. You got a home, a job, but no! You blew it when you bit the hand that fed you. Ungrateful.

She was crawling, one arm in front of the other. Swallowing more oxygen and clawing her way out. The AI launched at her but didn't do anything. Called a guard that dragged her by the hair.
"Where were you going? We aren't done here. You, beat her" ordered the guard that obeyed. Gilass bent over and feel. The voices returned...

Weak. Feeble. Useless. Call your friends. You can't. They're dead.

The most curious detail was that the voices weren't laughing, had no spite. They were like reading a text. Like they had the speech rehearsed in group. And all with Gilass' voice.

Gilass? Are you ashamed of your mother? The only thing she gave you and you throw it away! Your father didn't even use your name? You know where he is now? Happy.

More gunshots and the mercenary fell. He was face to face with her and she saw his surprised expression when the bullet penetrated his eye. The eye. The AI screamed and two bullets flew threw him. Boots running and more fire. Gilass felt herself. She was alive. Felt the ground soaking up blood and found the man, lowered her hand and found the holster, and pulled the gun. Gilass used the body to get up and shambled forward, gun raised and firing blindly against the trees. Mad and full of rage to shut the voices that going on and on with the humiliation.

You were asking for it when they beat you. When your menstruation came during classes and all the boys laughed. Only one girl saved you. Where is she? Far.

She fired and pieces of bark and resin were spat. The last bullet slid into the chamber.

Think it through. Don't make the same mistake.

She put the barrel in her mouth and the finger on the trigger.
"Gilass, no!" When all the demons left the box. The last one leaving was Hope. Bonna ran to the woman. "Drop the gun, sweetie. It's over. Come on. Let's leave together."
Gilass shook her head, hair all wet with sweat, eyes puffy from crying. Red face, scared and desperate.
"I I ca-an't, Bo-nna. My-my life w-was shit." She was shaking, gun pointed to her cheek. "The trees said s-so, don't you, you hear them? The memories!"
"Gilass, honey, trees don't talk. I assure you. It's all him." And pointed to the AI watching.
"And I-I killed everyone. You fe-friends, and you..."
"No, him again. I'm here, see?" And Bonna hugged herself. "Come home."
"I don't have a home!" Sucked the barrel, leaned to the right and said goodbye with her last look. The finger pressed and the explosion died in the clearing. Her head whipped back and fell forward. Gilass dropped to her knees and slid like she feel asleep during something important. And if she was asleep. She slept silently. Bonna forgot her gun and ran to her, held her in her arms and howled in pain. Nested so many times she lost count and spoke to her and told her what happened. All was fine. Everything was okay. The AI Ding and Bat took charge of the situation. It signaled the area and several pirates came from the woods. They crushed the Oyxgen emanator and searched the fallen bodies. When they looked for Bonna she was already gone.

*

The sky had fallen over Mnemosyne. And from the walls of fire consuming the world, two people appeared: one standing, nursing the other on her arms. And through the lights and shadows, walked hidden from everyone trying to escape the fire.
The screams of pain of those behind muffled the march of the two. They crossed into the darkness, leaving everything behind and disappeared from sight. To some they were a mirage. In their urgency they were an illusion, only the fire was real and it took everything.
The woman carried the other in her arms. They walked into the darkness and left behind the lifeless bodies of her companions. Then they arrived at the shuttle, and soon they would be gone.
She laid her body on the backseat, covered her with thermal blankets and fastened them. Adjusted the seat belts to hold the body and sat on the controls. The AI returned to the terminal and plotted a new course. The shuttle woke up, the low hum filling the emptiness. They lifted the ground and took off to the atmosphere.

*

Two Oxygen cruisers were towing the Nineteen Eighty Four. The Royal Armada was also there and the scenery was different. Someone was calling her. The voice of King Johanes greeted her solemnly and, as Captain, updated her of the situation: OxyGen had sent cruisers to recover the rogue AI; everyone would be compensated and the captured mercenaries would be brought to justice. She asked about Suzako. The King confirmed his death last act of bravery when he took down the Captain of the Heracles. She was proud of her friend but her voice didn't betray her.
The King asked where she was going. She didn't know. The library on Xilos would need its AI, he commented. He would expect her soon to return it and she would always have a place on Xilos, on his home. The King bid farewell and Bonna closed the channel.
Bonna Fide jumped plotted her shuttle and jumped to a unknown location and was never seen again.

If they say
Who cares if one more light goes out?
In a sky of a million stars
It flickers, flickers
Who cares when someone's time runs out?
If a moment is all we are
We're quicker, quicker
Who cares if one more light goes out?
Well I do

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